por Paulo Ricardo Mubarack
Algumas empresas são como adolescentes: ora comportam-se como crianças e ora já são cobradas como adultas. Ainda não têm identidade claramente definida. Normalmente são empresas com receita bruta que varia entre 50 milhões e um bilhão de reais. A faixa parece ser muito larga, mas na prática não é, especialmente para os propósitos deste texto. A pergunta é: quais são as principais falhas da gestão que as impedem de se consolidar como uma empresa adulta?
- Não implantam um SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO. A maioria delas nem desconfia o que seja esta “fera”.
- Continuam pagando muito mal seus gestores, hábito adquirido quando eram pequenas. Desta forma, não conseguem selecionar ou manter gente talentosa.
- Não sabem estruturar áreas de RH realmente eficazes. Não conseguem entender o papel de RH, não sabem diferenciar cargos-base de cargos-chave e amargam um estranho paradoxo em relação à rotatividade: ela é baixa para os medíocres (estes não saem e não são “saídos” da empresa) e é alta para os talentos.
- Não desenvolvem seus próprios gestores, como conseqüência natural da falha anterior. Buscam alguns “salvadores” na rua e, normalmente, obtêm maus resultados.
- Não procuram identificar em outras companhias as melhores práticas de gestão. Não sabem fazer benchmark. Admiram empresas de grande sucesso, mas não fazem esforços para entender o porquê deste sucesso.
- Têm programas tímidos de treinamento.
- Inexistem os programas de desenvolvimento gerencial. Às vezes, pagam “cursos soltos e baldios” para alguns empregados, cometendo dois erros grosseiros: treinam alguns e não treinam outros, esquecendo que a equipe precisa ter preparação homogênea (é como preparar fisicamente apenas alguns jogadores de um time de futebol e esquecer dos outros) e não ligam para os detalhes do conteúdo programático (escolhem treinamentos com base apenas no título do curso).
- Fazem eventos que despendem tempo e dinheiro para elaborar o planejamento estratégico, mas não têm método para garantir a execução e continuidade dos planos de ação.
- Implantam a ISO 9001 (e outras normas) apenas para obter o certificado, sem entender que estas normas são apenas listas de boas práticas em gestão. Não incorporam o que ganharam com a certificação na vida real.
- Não têm ou não dão importância para a auditoria interna.
- Vivem procurando novidades em gestão, mas não compreendem o básico. Quem não entende os fundamentos não consegue compreender a ambigüidade dos métodos e das ferramentas.
- Não conseguem entender o verdadeiro significado do PDCA (quanto mais praticá-lo!).
- Não cultivam os valores. Não entendem o papel que os valores podem representar na alavancagem de uma empresa. Tomam sustos frequentemente com o comportamento de seus empregados.
- Contratam várias consultorias desalinhadas entre sai, buscando a “bala de prata” para resolver seus problemas no curto prazo.
- Misturam inovação com confusão. Abrem “frentes” demais e perdem o foco.
- Contratam com intensidade diretores e presidentes “de fora” dos seus quadros. Não desenvolvem gestores, portanto não podem promovê-los e a cultura fica cada vez mais enfraquecida.
Por isto, a maioria morre no caminho da transição entre uma pequena e uma grande empresa.
Paulo Ricardo Mubarack
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